Houellebecq - Partículas Elementares

 



Mais um Houellebecq terminado -- e eu ainda sem fôlego. O mais polêmico dos escritores francês da atualidade, e o meu preferido dentre os ainda vivos, procura traçar, em Partículas Elementares, um certo louvor ao humano.

Um louvor às avessas, por certo. Porque o destino humano parece se consumar na própria perdição de tudo o que somos. Trata-se, a bem da verdade, do destino à extinção de um tipo de humanidade, a europeia e sua crua lógica de progresso.

Traçando os caminhos e descaminhos de um renomado cientista e de seu irmão, Houellebecq expõe-nos, com requintes de perversão, diante do espelho de nossas esperanças e expectativas de felicidade e de prazer, de amor e de alguma salvação possível à solidão que vem junto com a liberdade.

Se ao final a humanidade parece ter obtido alguma salvação, será, por certo, junto aos rabiscos que criamos para nos livrar do que somos: só a arte nos salva. E Houellebecq, de algum modo, cria para nós esperança frente ao vazio de sermos.

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