A força da educação

Você sente o verdadeiro poder da educação quando a vida de outro homem, de épocas ou de povos tão distantes de nós séculos ou milênios, é capaz de mudar a nossa de um modo tão intenso que por vezes parece que estamos a ouvi-lo bem à nossa frente, à mesa de um café ou sentado ao sofá da sala, dizendo-nos tudo aquilo que sempre desejamos ouvir, provocando um verdadeiro frenesi no corpo e na alma bastante similar ao que é causado pela paixão.

Porque a verdadeira educação é encontro de consciências, afetado de tal modo pelo desejo de saber que toda a vida do educando passa a ser um espelho da de seu mestre. Isso costuma acontecer com mestres em vida, e eu também os tenho. O que mais me surpreende é que isso seja possível através da cultura, por meio de livros, músicas ou filmes, quando o mestre é de todo ausente. Quem já sentiu essa energia dentro de si sabe do que estou falando.

O mais essencial desse caminho de educação é, contudo, não estar vítima de um único mestre, com o perigo de o aprendizado se degenerar em obediência servil. Conduzir seu educando a superá-lo é o desejo de todo verdadeiro mestre; o mestre é honrado pelos que com ele se educam em vista de se abrirem para o saber, não por aqueles que se põem na dependência de suas respostas. Educar é ensinar a caminhar com as próprias pernas. Mas até lá, a imitação do mestre é o próprio caminho para encontrarmos a realização em nós do que fomos chamados a fazer.

Uma pequena homenagem ao meu mestre atual, que tem este mês comemorados 140 anos de seu nascimento.